sábado, 14 de março de 2009

SOMOS TODOS CRISTÃOS


Volta e meia surge um novo grupo no cenário musical nacional com algum rit marcante, nem que seja numa única frase. Nesse final de semana resolvi procurar na internet por uma música em destaque na televisão. Entre as canções divulgadas na publicidade, uma me chamou a atenção, dizia: “foi sem você que pude entender....”. Pesquisando a respeito, descobri que a canção ‘Sem você’ é de uma banda que completa vinte anos, intitulada ‘Rosa de Saron’, que caminha pelo rock e apresenta músicas interessantes.

A novidade é que esta banda é publicamente católica. Entre as várias músicas do último trabalho, em referência aos 20 anos da banda, com uma gravação ao vivo e acústico, apenas a canção ‘Linda Menina’ faz referência direta ao credo católico em relação à fé em Maria, as outras são de cunho pessoal ou de reflexões sentimentais e também algumas que expressam a crença cristã de forma genérica. Lembrei-me de ‘Pimentas do Reino’, porque assim como ‘Rosa de Saron’, no ano passado, também ultrapassou a margem religiosa e conquistar notoriedade secular, principalmente com o sucesso ‘Pensando em você’. Àquela época, surgiu toda uma polêmica por ser a banda formada por integrantes que se denominavam evangélicos, que faziam músicas não somente para evangélicos.

Parece-me que isto têm se tornado uma tendência. Cantores renomados entre seus rebanhos cristãos, como Aline Barros e Pe. Fabio de Melo têm dito a oportunidade de alcançar outros públicos além dos componentes de suas comunidades religiosas, principalmente através da mídia televisiva. Neste contexto, surgem posicionamentos intrigantes. De uma ala há os tradicionalistas que vêem com maus olhos esta mistura entre sacro e secular, entre o religioso e o mundano, entre o eclesiástico e o midiático. Amedrontam-se com a possibilidade de seu rebanho ouvir outros ritmos diferentes do que estão acostumados. Por sua vez, os liberais fundamentalistas crêem que finalmente caminhamos para a unificação dos segmentos cristãos, quase numa filosofia utópica emprenhada num discurso lúdico e inclusivo.

Nesse meio todo me lembrei de um texto de autoria de Reinaldo Azevedo, colunista de uma grande revista de circulação nacional, intitulado ‘Somos todos cristãos’. Fazendo uma relação do cristianismo com a filosofia e a como se deu o fortalecimento desta religião num contexto mundial, passando principalmente sobre a importância do papel feminista para este fortalecimento, Azevedo escreveu:

“Cristo é e seguirá sendo a principal referência do que reconhecemos no Ocidente como a nossa "cultura" porque somos todos cristãos. Se não formos pela fé, seremos pela história; se não formos porque devotos da Revelação, seremos porque caudatários de uma revolução. Cristãos, ateus, judeus, islâmicos, budistas, materialistas, espíritas, agnósticos, comungamos de um patrimônio que entendemos como um ideal de civilização e de justiça”.

Culturalmente, na mente ocidental, se não se devota à Cristo, segue-se seus princípios civilizadores e de justiça, que incluem o respeito à vida, ao amor próprio e ao próximo, o direito de escolha e de diversidade, o senso de justiça, de moral, de ética, de ponderável, de aceitabilidade. Concordo com o articulista porque se trata de um patrimônio, que, de tão enraizado pelos séculos, vê-se natural nos comportamentos humanos, realmente independentemente de credos religiosos.

Nesse sentido, e retornando ao assunto da postagem que é a banda Rosa de Saron, compreendo como salutar que pessoas cristãs, independentemente de qual seguimento – católico ou protestante – consigam demonstrar através das artes, seja musical ou de qualquer outra forma, estes princípios cristãos, aliado a fé e circunstâncias humanas, que não escolhem credos, como nossos sentimentos e relacionamentos amorosos. Quanto ao conteúdo das músicas, particularmente, gostei. É uma excepcionalidade entre as novidades musicais dos últimos anos. Músicas bem elaboradas e aprazíveis de ouvir. Recomendo.

Abaixo um videomontagem a partir da letra da música 'As Dores do Silêncio'. Arrepiante!


Para quem quiser ler o texto de Azevedo, clique no link:

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