A Filosofia durante toda sua história debruça-se sobre uma das mais difíceis articulações que é a relação entre a teoria e a prática, ou seja, entre o pensamento e ação. Essa relação é considerada o maior problema da História da Filosofia e, por tal razão, justifica-se ser o objeto de estudos de vários pensadores.
Quando se fala da relação entre a teoria e a prática para solucionar um problema de um político podemos entender que a teoria está subordinada a prática, uma vez que esta última pode se alterar considerando-se a possibilidade de haver mudanças contextuais onde o político se encontra agindo.
Numa análise da mesma relação, porém com um cientista, novamente a teoria se submete à prática, já que os experimentos realizados podem demonstrar que os fatos apresentados numa teoria são parcial ou totalmente refutáveis.
Porém numa relação entre a teoria e prática para um religioso a relação de subordinação se manifesta diversa, uma vez que para um religioso a prática é o reflexo da teoria, da contemplação de um conjunto de normas e regras, tidas como verdades divinas, transcendentes e eternas, razão pela qual tais verdades são irrefutáveis e imutáveis, a tal ponto dessa ação ser moldada e orientada pela contemplação da teoria, do eterno.
Nesse sentido, pode-se compreender o conceito de teoria enquanto uma contemplação. Etimologicamente a palavra significa “a observação do divino”, do que ultrapassa a realidade humana, ou seja, a metafísica. A teoria, nesse sentido, se refere à inatividade do homem diante daquilo que lhe ultrapassa, que se apresenta extramundano. Por sua vez, a ação pode ser compreendida enquanto a práxis do humano diante daquilo que ele pode criar, produzir, reproduzir, fazer. A teoria seria o antônimo da ação, a primeira imutável, divina, transcendente e, a segunda, sob a possibilidade de alteração realizada pelo homem.
Compreender essa problematização sobre a teoria e a prática é entender a tradição que constituiu a civilização ocidental que fazemos parte. É compreender a necessidade de se ultrapassar o entendimento segundo o qual a teoria determina a prática (contemplação) para perceber a possibilidade da existência de uma teoria condicionada pela prática (política e científica), pela ação humana.
Para melhor compreender essa problematização da relação entre a teoria e a prática, nos próximos posts iremos analisar as contribuições de quatro grandes filósofos: Platão e Aristóteles enquanto representantes da Filosofia Antiga, Agostinho enquanto representante por suas obras da Filosofia Medieval, e por último, Maquiavel representando a Filosofia Moderna.
OBSERVAÇÃO: Este texto é um resumo que produzi com o material de aula da disciplina Introdução à Filosofia da Graduação em Licenciatura para Filosofia da UFLA - Universidade Federal de Lavras EaD Campus Governador Valadares). Produzido em 01/12/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário