sábado, 27 de novembro de 2010

REFLEXÕES ACERCA DOS PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO


De origem grega “parádeigma”, a palavra PARADIGMA literalmente significa “modelo”. Trata-se de uma representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento que origina o estudo de um campo científico, uma realização cientifica com métodos e valores que são concebidos como modelo; uma referencia inicial com base de modelo para estudos e pesquisas.

Assim, pode-se entender como um modelo mental que é adotado como sendo verdadeiro e representativo de um fato ou conjunto de acontecimentos, esquecendo-se que o ser humano ao formar seus paradigmas a partir de suas experiências, tende a generalizar as coisas a partir de poucas observações.

Segundo Thomas Kuhn “são paradigmáticas as realizações científicas que geram modelos que, por período mais ou menos longo e de modo mais ou menos explicito, orientam o desenvolvimento posterior das pesquisas exclusivamente na busca da solução para os problemas por ela suscitados”.


PRESSUPOSTOS:

A realidade é uma construção sócio-histórica e cultural tecida pelos conflitos de interesses que movem a sociedade. Assim, o conhecimento é ma leitura histórica e política sobre a realidade em um processo permanente de mudanças.

O saber escolar com seus valores, crenças, hábitos, é fruto da tensão de grupos sociais que constituem a sociedade e do nível de autonomia profissional do professor de didatizar os conhecimentos do senso comum e os conhecimentos científicos. Assim, a ação de educar sempre está a serviço consciente ou inconsciente de projetos societais, por isso entender que a educação é um espaço em disputa constante.

Uma educação escolar que visa emancipação é aquela procura construir a identidade cidadã dos alunos para que seja fortalecida a democracia participativa, cabendo ao professor construir situações didáticas provocadoras de aprendizagens que sejam significativas, que construam a subjetividade cidadã, com currículos contextualizados, integrados e globalizados, fruto de uma autonomia didático-científico do docente.


RELAÇÃO EDUCADOR E EDUCANDO:

É necessário que o educador não tenha o velho medo de errar. Quem tem medo de errar é porque não tem coragem de experimentar uma prática nova, ficando estagnado ao velho paradigma, onde se torna o “senhor dos conteúdos”, eliminando a prática de troca de saberes. É necessário que o educador esteja preparado para dizer “não sei”, tendo uma postura desarmada e aberta. Ele será referencial para o aluno, pois o professor também deve se fascinar pela pesquisa e pelo novo, construindo relações afetivas mais verdadeiras.


ALICERCES PEDAGÓGICOS:

a) Pedagogia do encantamento: construir humanidade e envolvimento profissional.
b) Educabilidade: diversidade de percursos na aprendizagem e na ensinagem.
c) Pesquisa como principio de trabalho.
d) Escola como local de aprendizagens, de multiplicidade cultural, de tensão e aberta a mudanças.
e) Trabalho em equipe como estratégia de construção e de socialização das ações educativas na escola.
f) Realidade social enquanto espaço de pesquisa e de significações dos saberes.
g) Projeto político-pedagógico como elemento que articula a prática pedagógica.
h) Compromisso social com projeto societal filiado.
i) Prática inovadora inventiva, sendo inovadora e comprometida.


A ESCOLA ENCARNADA:

Premissas básicas para uma escola sedutora, aprendizagens significativas e currículos globalizados:

a) organização do tempo e do espaço pedagógico que considere e atenda a diversidade de sujeitos e de aprendizagens.
b) organização e implementação de material e de estratégias de ensinagens que não sejam indiferentes às diferenças.
c) um plano de acompanhamento avaliativo contínuo e sistemático de trabalho pedagógico.
d) referencia para a organização do trabalho pedagógico não é a idade e nem a série, e sim o nível sociocognitivo dos aprendentes (tempo e percurso de aprendizagens e o contexto social).
e) planejamento e plano de ensinagem contextualizados, integradores de saberes e competências.

Palavras chaves: flexível; prática cultural e exercício político; vivência identitária; contextualizado, temporário, conflitivo e precário; currículo enquanto pontos de interseções dos campos dos saberes científicos e do senso comum; integrador; sistemático e caótico; problematizador, dialógico; assimétrico e contraditório.


PARADIGMAS EDUCACIONAIS DE PAULO FREIRE:

A Educação deve-se atentar para os seguintes paradigmas:

a) Valorização da cultura.
b) Homem é um ser histórico e, portanto, inacabado.
c) Educar para a conscientização.
d) Ler a palavra para ler o mundo, compreendendo sua condição de oprimido.
e) Binômio: educador-educando, educando-educador.
f) Relações afetivas, democráticas e ombreadas.
g) Coerência.

Para Paulo Freire, há três momentos claros de aprendizagem:
a) O educando se inteira daquilo que o aluno conhece para trazer a cultura dele para a sala de aula.
b) Exploração de questões relativas ao tema em discussão.
c) Problematização: ações para superar impasses da prática.

São etapas do processo de alfabetização, segundo Paulo Freire:
a) Codificação – circulo da cultura (onde os educandos respondem às questões provocadas pelo coordenador, aprofundando suas leituras do mundo: Quê? Para quê? Como? Por quê? Por quem? Para quem? Contra quê? Contra quem? A favor de quem? A favor de quê?).
b) Decodificação e descodificação.
c) Análise e síntese.
d) Fixação da leitura.
e) Problematização

A epistemologia de Paulo Freire se opõe ao paradigma positivista que entende o conhecimento como neutro, livre de valor e objetivos. Paulo Freire entende que o conhecimento e continuamente criado e recriado, assim como as pessoas refletem e agem no mundo. O conhecimento não é fixo e sim um processo dinâmico, produzido coletivamente, buscando dar sentido ao mundo. Não existe separado do como e porquê é usado, no interesse de quem.

Para Freire o conhecimento propõe-se a fazer com que as pessoas se humanizem, superando a desumanização através da resolução da contradição fundamental da nossa época: aquela entre a dominação e a libertação, conhecida como a teoria da relação entre o oprimido e o opressor. A liberdade se dá por meio do diálogo crítico, libertador que leva a reflexão e ação.


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA EM PESQUISAS, PROJETOS DE EXTENSÃO E FORMAÇÃO:

Ocorre a partir do respeito à identidade cultural do outro.

Paulo Freire:

“A minha convicção é a de que a gente têm de partir mesmo da compreensão de como o ser humano com quem a gente trabalha compreende. Não posso chegar a área indígena e pretender que os indígenas que estão lá compreendam o mundo como eu o compreendo, com a experiência que tenho, não dá. Perguntaram-me qual era minha experiência acadêmica, de ajuda, de compreender a compreensão dele. Não vale a minha experiência acadêmica, minha sabedoria ‘pifa’ no momento em que não sou capaz de compreender a sabedoria do outro. (...) Mas respeitar a cultura do outro não significa manter o outro na ignorância sem necessidade, mas fazê-lo superar sua ignorância não significa ultrapassar os sistemas de interesses sociais e econômicos de sua cultura. É como se houvesse gente inteligente no outro planeta, noutro lugar, noutro universo, e viesse aqui, agora, e dissessem a mim que eu devo pensar da forma absolutamente contrária àquilo que penso, pois lá já se pensa diferente. Não posso me submeter a uma coisa dessas.” (2003, p.129,131)


POSSIBILIDADES DE AÇÕES PEDAGÓGICAS EFETIVAS:

a) Colocação de problemas e não apenas resolução de problemas.
b) Análise de situações problema.
c) Explorar a não-neutralidade da Educação.


O VELHO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO:

Cabe ao professor lecionar, onde este só lê a matéria do dia. As aulas são expositivas, em que o conteúdo é quase “lido” para os alunos. O aluno é um receptor passivo, que ouve as explicações do professor (que sabe muito mais do que ele) e vai tateando em busca daquilo que acredita que o professor deve desejar que ele aprenda, diga, pense ou escreva.  A sala de aula é um ambiente de escuta e recepção, sem a possibilidade de conversas. A experiência é passada do professor para o aluno, e somente isso. O aluno aprende e estuda por obrigação. Os conteúdos curriculares são fixos, numa estrutura rígida que não prevê brechas nem modificações.

A tecnologia é desvinculada do contexto, sendo uma ameaça de substituição do homem. Os recursos são manipulados pelo professor, que prepara anteriormente o que se pode apresentar ou não. A escola é uma ilha que só comunica-se com as famílias quando necessário e não se abre a comunidade onde se está inserida.


O NOVO PARADIGMA DE EDUCAÇÃO:

O professor é o orientador do estudo. Ele orienta o processo de aprendizagem e, ao invés de pesquisar pelo aluno, ele o estimula a querer saber mais, desperta a curiosidade sobre as questões das diversas disciplinas. O aluno é o agente da aprendizagem, tornando-se um estudioso autônomo, capaz de buscar por si mesmo os conhecimentos, formar seus próprios conceitos e opiniões, responsável pelo próprio conhecimento.

A sala de aula é um ambiente de cooperação e construção em que, embora se conheçam as individualidades, ninguém fica isolado e todos desejam partilhar o conhecimento. Há a troca de experiência entre aluno/aluno e professor/aluno. O aluno aprende e estuda por motivação. Existe prazer na busca dos novos conhecimentos. Aprender é crescer. Os conteúdos curriculares atendem a uma estrutura flexível e aberta, em que cada aluno pode traçar os próprios caminhos.

A tecnologia está dentro do contexto, como meio, instrumento incorporado. O professor a utiliza como estimulo à aprendizagem. É utilizado por professores e alunos. A escola é um espaço aberto e conectado com o mundo. Os alunos têm contato com a comunidade, partilham experiências com colegas de outras escolas, fazem uso da internet.


TECNOLOGIA E OS PRESSUPOSTOS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – EAD:

O aluno é o centro do processo educativo. Possibilita a ampliação da oferta de cursos e ações de democratização, socialização, endereçabilidade e acessibilidade. Desmitifica o senso comum, promove o compromisso com o aluno. Promove a aceitação do desafio tecnológico e de aprendizagem, com a formatação de ambientes de aprendizagem diferenciados.

Possui como pressupostos:
a) construção socioindividual do processo de aprendizagem.
b) formação e qualificação permanente.
c) ênfase no aluno como sujeito real desse processo.

O uso da tecnologia faz com que os espaços de saber não estejam mais centrados na sala de aula presencial. Ensinar e aprender exigem muito mais flexibilidade, espaço temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de pesquisa e de comunicação.

Segundo Bordenave (1987), “a idéia de que a educação só é possível quando o professor e o aluno acham-se fisicamente no mesmo lugar vem do tempo em que a palavra, o gesto e o desenho eram os únicos meios de comunicação disponíveis”.

A tecnologia, neste contexto, segundo Mata (1995), deve ser entendida “como processo lógico de planejamento, de elaboração de currículos, métodos, procedimentos e meios que conduzam a aprendizagem”.

Andrade (1193) considera como novas tecnologias “todas as técnicas de modo original na solução de problemas, sejam elas invenções ou comportamentos, recentes ou não”.


CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM:

a) Aprendizagem Tradicional: O conhecimento é um objeto. É algo que pode ser transmitido do professor para o aluno.

b) Aprendizagem Construtivista: É uma construção humana de significados que procura fazer sentido do seu mundo.

c) Aprendizagem Autônoma: O processo de ensino é centrado no aluno. As experiências são aproveitadas como recurso. O professor deve assumir-se como mais um recurso ao aluno. O aluno é considerado como ser autônomo, gestor do seu processo de aprendizagem.


GLOBALIZAÇÃO:

Segundo Giddens (1987) não é apenas um fenômeno econômico. É um sistema de transformação do espaço e do tempo. A interconexão global intensificada gera mudanças das relações tempo/espaço que têm conseqüências nos modos de operar a sociedade.


EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO CONTINUADA:

Segundo Nóvoa, “os programas educacionais fornecem a ocasião de aprender saberes e técnicas, de partilhar experiências e preocupações, mas a formação não é o resultado previsível de uma ação educativa. A formação é infinitamente mais global e complexa: constrói-se ao longo de toda uma trajetória de vida e passa-se por fases e etapas que é ilusório pretender ‘queimar’.”


BASES TEÓRICAS DA CAPACITAÇÃO DAS PESSOAS:

 A educação das pessoas deve passar por:

a) antropologia.
b) filosofia.
c) política.
d) economia e administração.
e) A influencia das TIC.
f) Psicologia e Desenvolvimento Humano.



PARADIGMAS HISTÓRICO-SOCIAIS:

Moraes (1997) apresenta um paralelo de várias correntes de pensamento no contexto histórico-social a partir dos séculos XVII, XVIII e XIX:

a) Paradigma Tradicional: Revolução Cientifica, Iluminismo, Revolução Industrial.
b) Paradigma Industrial: Luta competitiva pela própria existência. Fez com que a educação supervalorizasse algumas disciplinas, trazendo a idéia de que os fenômenos complexos necessitam ser divididos em partes para serem compreendidos.
c) Movimento da Escola Nova: No século XX, a escola percebe a importância do aluno no processo, devendo o ensino dar-se pela ação e não pela instrução.

Com a ruptura do paradigma visa-se “construir um modelo educacional capaz de gerar novos ambientes de aprendizagens em que o ser humano fosse compreendido em sua multidimensionalidade, como um ser indiviso em sua totalidade, com seus diferentes estilo de aprendizagem e suas distintas formas de resolver problemas”. (Moraes, 1997,p. 17)


SOLUÇÃO DE PROBLEMAS:

É um dos recursos mais acessíveis para levar os alunos a aprender a aprender. Supõe dotar os alunos da capacidade de aprender a aprender, de questionar e ir buscar respostas, de construir autonomia. Cria o habito e a atitude de enfrentar a aprendizagem como um problema para o qual deve ser encontrada uma resposta, bem como ensina a propor problemas para si mesmo e a resolvê-los. Prepara mais adequadamente para desenvolver habilidades e estratégias eficientes para buscar respostas para os problemas do cotidiano do processo produtivo-rotineiros ou inusitados.



GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO:

Instalação dos Conselhos de Escola num processo de construção ascendente: Lei 3.776/92.

A Constituição da Republica em seu artigo 206 afirma: “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: VI – a gestão democrática do ensino público, na forma da Lei”.

A LDB/96 em seu artigo 3° dispõe que: “o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: VIII – a gestão democrático do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino”. Já o artigo 14 afirma que os sistemas de ensino definirão as normas de GD, com: “participação dos profissionais da educação na elaboração da proposta pedagógica (inciso I), participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes”. Por fim, o Artigo 15 determina que “os sistemas de ensino assegurarão às escolas progressivos graus de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira”.

Dilema entre a democracia real e a democracia formal:

Segundo Chauí (1997, p. 141), “se a tradição do pensamento democrático, democracia significa: a) igualdade, b) soberania popular, c) preenchimento de exigências constitucionais, d) reconhecimento do direito da maioria, e) liberdade, torna-se obvia a fragilidade democrática no capitalismo”.

A gestão democrática dá importância a uma descoberta ser original. Assim, a gestão democrática seria um novo modo de administrar a realidade em si mesmo, democrática, que se traduz pela comunicação, pelo envolvimento coletivo e pelo diálogo.

A gestão democrática preocupa-se com a realidade escolar. Até os anos 80 o empresariado exigia do Estado apenas trabalhadores alfabetizados. Hoje exige-se com novos conteúdos e métodos de ensino: conhecimento, valores e habilidade que vão alem da memorização e dos conhecimentos tradicionalmente transmitidos pela escola ou do simples adestramento para a profissão.

Como construir a gestão democrática entre sujeitos e as instâncias de participação?


 

Gestão democrática de qualidade social:


Que educação queremos?  Uma mercadoria ou um direito? Uma educação que promova mudanças, transformações ou que procure a manutenção do existente? Uma educação que promova a emancipação ou a subordinação?



EDUCAÇÃO ESCOLAR E INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Definição dada por Howard Gardner.


EDUCAÇÃO ESCOLAR: È uma dimensão fundante da cidadania e tal principio é indispensável para participação de todos nos espaços sociais e políticos e para (re)inserção qualificada no mundo profissional do trabalho.

INTELIGÊNCIA ESPACIAL: Capacidade de perceber o mundo visual e espacial de forma precisa, de manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções, criar e compor uma representação visual ou espacial.

INTELIGÊNCIA LOGICO-MATEMÁTICA: Determina a habilidade para raciocínio dedutivo, em sistemas matemáticos, em noções de quantidade, alem da capacidade para solucionar problemas envolvendo números e demais elementos matemáticos.

INTELIGÊNCIA CINESTÉSICA OU CORPORAL-CINESTÉSICA: Refere a habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo.

INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL: Habilidade para entender e responder adequadamente a temperamentos, motivações e desejos de outras pessoas.

INTELIGÊNCIA LINGUISTICA: Habilidade para lidar criativamente com as palavras nos diferentes níveis de linguagem (semântica, sintaxe).

INTELIGÊNCIA MUSICAL: Habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma discriminação de sons, habilidade para perceber sensibilidade para ritmos, timbre, e habilidade para reproduzir musica.

INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL: Competência de uma pessoa para conhecer-se e estar bem consigo mesma, administrando seus sentimentos e emoções a favor de seus projetos^

INTELIGÊNCIA NATURALISTA: Habilidade humana de reconhecer objetos da natureza, de distinguir plantas, animais, rochas. Indispensável para a sobrevivência do ambiente natural.


Leonardo Boff, em 2003, afirmou que “há um novo paradigma de cidadania. A escola está tendo uma nova dimensão a partir da crise mundial e da globalização. É preciso que se cuide da formação da pessoa, tornando-a capaz de ser varias coisas, e não apenas que se formem profissionais”.



EDUCAÇÃO DE ADULTOS: RESPONSABILIDADE SOCIAL E APRENDIZAGEM TRANSFORMATIVA

É necessária uma aprendizagem tranformativa, onde a educação de adultos tenha como pressupostos:

a) o auto-direcionamento na aprendizagem;
b) a aprendizagem experiência;
c) a aprendizagem contextual.

A educação e formação de adultos entendida numa perspectiva de responsabilidade social parte do pressuposto de que, por meio da participação, os adultos desenvolvem ou adotam atitudes e valores e fazem julgamentos morais relacionados com os seus papeis enquanto cidadãos. Implica aprender sobre direitos e deveres dos cidadãos e também sobre como cada um pode, através do dialogo, da reflexão e da deliberação, participar na construção da sociedade.

Assim, pelo fato de existir uma potencial capacidade do individuo moldar a percepção da realidade ao seu referencial enquanto pessoal, esta perspectiva destaca a competência do indivíduo, na construção de significados, senso este um paradigma que acentua a capacidade de autonomia do sujeito.


OBSERVAÇÃO: Este texto é um resumo que eu produzi com o material de aula da disciplina Paradigmas da Educação - Núcleo Comum: Educação e Inclusão, da Pós-Graduação em LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS da Faculdade Educacional da Lapa / EADCON. 2010. Produzido em 27/11/2010.


COMO CITAR ESTE ARTIGO:
NOVAES, Edmarcius Carvalho. “REFLEXÕES ACERCA DOS PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO". Disponível em: http://edmarciuscarvalho.blogspot.com/2010/11/reflexoes-acerca-dos-paradigmas-da.html em 27 de novembro de 2010.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

PERFIL DOS USUÁRIOS DO BENEFÍCIO "PASSE LIVRE" PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA EM GOVERNADOR VALADARES



VI SEMINÁRIO SOCIEDADE INCLUSIVA PUC MINAS 2010
"Os Discursos sobre o Outro e as Práticas Sociais"
Belo Horizonte, 10 a 12 de novembro de 2010

Eixo Temático: Os Sujeitos e as Deficiências

Tema: Relatório de Pesquisa sobre o Programa de Transporte Coletivo Público Gratuito para Pessoas com Deficiência, em Governador Valadares, no ano de 2009.

Autores: Almerita F. Félix; Bernardo A. M. Reis; Bruna D. Brum; Camila G. O. Félix; Edmarcius C. Novaes; Lucas T. Rocha; Lucia A. Duarte; Márcia de L. L. Oliveira; Osmin G. Ferreira.

Filiação: Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência – CAAD.

Endereço: Rua Pedro Lessa, 286, Lourdes – Governador Valadares – CEP: 35030-440.

Introdução: Apresentação do perfil dos beneficiários do PASSE LIVRE do Município de Governador Valadares, operacionalizado pela CAAD, no ano de 2009.

Objetivo: Analisar os seguintes dados do perfil das Pessoas com Deficiência, contemplado por tal benefício socioassistencial: a) total; b) gênero c) diagnóstico; d) territorialidade; e) faixa etária; f) bairros e distritos

Metodologia:
a) Análise dos cadastrados na modalidade de permanente (deficiência), em detrimento dos provisórios (concessão municipal para pessoas em tratamento médico).

b) Avaliação dos dados contidos nos formulários de requerimento preenchidos no atendimento por Assistente Social da CAAD.


Resultados:

Total: 1378 usuários são pessoas com deficiência, numa média de 20.000 habitantes do município que utilizam o transporte coletivo.









COMO CITAR ESSE TEXTO:

NOVAES, Edmarcius Carvalho. Relatório de Pesquisa sobre o Programa de Transporte Coletivo Público Gratuito para Pessoas com Deficiencia, em Governador Valadares, no ano de 2009. In: VI SEMINARIO SOCIEDADE INCLUSIVA: "Os Discursos sobre o Outro e as Práticas Sociais", Belo Horizonte, 2010. Disponível em
http://www.edmarciuscarvalho.blogspot.com em 23 de novembro de 2010.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

VIOLÊNCIA E ALTERIDADE: SOBRE A LÓGICA PERVERSA DA MODERNIDADE TARDIA


Todos nós vemos o mundo e não podemos fazê-lo diferente, a partir do nosso “eu”. Isto acontece porque vivemos numa sociedade altamente narcísica, onde o “outro” é o inimigo. Nesse sentido, pensar a dicotomia da alteridade versus violência passa por um funcionamento psíquico que é persecutório, denominado como “paranóia”, ou seja, a análise persecutória da realidade com angústia.

Vivemos numa era com cultura psicologizada, onde há o embate da filosofia com a realidade. Há o desejo de se ter uma sociedade inclusiva, aberta para todas as diferenças, com maximização das realidades, fruto de uma educação sob a ótica dos Direitos Humanos. Não obstante, de fato, o que se vê é a distância entre ideal teórico versus prática social, a realidade efetiva. Cabe indagar: Acontecerá isto, de forma linear?

A figura da ética se faz salutar nesse momento. Entende-se por ética “a tentativa de fazer com que o discurso possa torna-se transfundido na vida, no cuidado no encontro de cada um”. É a ética, portanto, o encontro entre o teórico e o afeto.

Nessa relação do Campo do afeto versus Campo Teórico é importante que se distancie da teoria para ver a realidade e a sua violência. É o que a filosofia denomina de reflexo. Reflexo significa inclinar-se para trás. Ao voltar para trás, olha-se o que já se passou, o que já se viveu. É o retorno ao vivido e distância do vivido imediato, a afecção. A reflexão não visa ficar enclausurada no pensamento, mas voltar à realidade, remetendo-se ao “Mito da Caverna”, alegoria encontrada no livro VII de “República”, de Platão.

Cabe à Filosofia esse objetivo: ser uma ciência teórica que se encontra na realidade no “cuidado consigo mesmo” e no “cuidado com os outros”, sendo o “cuidado com a alma” entendido como o “eu” na solicitude para o outro, e com o “nós” comunitário.

No que se refere às ideologias, para a filosofia, devem ser vista como suspeitas. Para Marx, por exemplo, não há revolução sem teoria revolucionária. Na perspectiva filosófica, se faz necessária a realização da distância crítica, de se metaforizar, ou seja, de se distanciar e depois promover a interseção (retomando a idéia da alegoria do Mito da Caverna) para a prática.

Para compreender a revolução enquanto progresso cabe a necessidade de ser conhecer seu histórico. Analisar a técnica, a evolução, pela perspectiva filosófica, vide Esboço Histórico do Progresso Humano (Condorcet, 1794). Como prova disto a análise do século XX, marcado como a realização da técnica e a garantia de direitos, porém onde também existiu uma violência inaudita, com a 1ª e a 2ª Guerra Mundial.

A filosofia se alicerça nesse contexto com a teoria da “Heurística do Medo”, que, nada mais é, do que a prudência diante do rumo da história. Por exemplo prático: o senso comum afirma “o crescimento econômico e avanço tecnológico é intrinsecamente bom”. A heurística do medo afirma “é necessário de ter medo de ser sempre bom o crescimento econômico e o avanço tecnológico”.

Pode parecer, mas não se trata de um posicionamento pessimista perante as coisas, mas sim um posicionamento em razão de se promover um afastamento reflexivo sobre as coisas.

Neste sentido, considerando a necessidade de reflexão sobre a modernidade e visando uma prática de alteridade, faz-se necessário analisar as hipóteses sobre a existência da violência.


A primeira hipótese: A violência como não resíduo da animalidade humana. Não é natural.

A barbárie do Ocidente é interior, vem de dentro, não da animalidade, mas da humanidade.

Trata-se de uma condição antropológica fundamental a violência: somos todos desprotegidos, logo a constituição psíquica, firmada na subjetividade, traz o desamparo e a necessidade de defesa, de se proteger diante do outro.

Assim, o correto seria utilizar o termo violência para referir-se a humanos, e o termo agressividade para animais.

A defesa do desamparo pode se manifestar pela linguagem, pela cultura, pelas atitudes, sendo todas estas formas de apresentação da violência.


A segunda hipótese: A cultura é o lócus da violência e o lócus da defesa da violência.

A cultura nesta hipótese produz a violência e os recursos simbólicos para proteger-se da violência. Por exemplo, temos as regras de comportamento, que visam defender-se da violência. Nesta perspectiva, a cultura e violência estão entrelaçadas.

A cultura enquanto violência pode se manifestar por meio de um ritual sacrificial: é a violência colocada em alguém. Por exemplo, nos bodes, para os deuses, razão pela qual há sacrifícios.

A violência cultural neste sentido recorre para o Sagrado, onde se pode expressar a violência e oferecer uma via de escape.

Assim, pode concluir sob a luz desta hipótese que:

a) o homem é violento porque tem cultura e vai criar recursos de neutralidade dessa violência.

b) A cultura é contraditória e o processo de civilização não paralisa o crescimento da violência.

c) A sociedade quanto mais complexa, maior torna o risco de crescimento da violência. Faz parte da condição humana, e pode torna-se potencialmente mais perigosa com o avanço à civilização.


Conclusão:

Se de fato, em tudo há a violência, seja como resultado da posição iluminista com a defesa do progresso e do avanço, seja pela desilusão, cabe à heurística do medo trazer outras soluções.

A violência (como crescimento do “eu” individual ou coletivo), enquanto crise de identidade imaginária cria o desamparo e angústia. Por isso, projeta-se num objeto, sendo este a figura do outro, por este a causa que ameaça minha identidade imaginária. Este outro é também uma figura imaginária (as minorias religiosas, por exemplo), onde o “eu” externa o afeto (o sentimento) pelo ódio, pelo massacre.

Como se pode, portanto, compreender o outro não como ameaçador?

Se pudermos fazer o outro aceitar nossa subjetividade, pela alteridade, não sendo assim necessário massacrar o outro.

Assim, superando as hipóteses acima descritas, pode-se concluir que não basta o “eu” e “outrem”. Precisa-se de um terceiro: a figura do principio de transcendência, de formulações diversas, subjetividades transcendentais. A religião neste contexto é a metafísica (conceito filosófico), onde a “meta” visa justamente o encontro de uma terceira posição.

A modernidade tardia se caracteriza pela perversão, onde o outro não é reconhecido como o outro. Por exemplo, o homossexual pelo heterossexual, o negro pelo branco. É a tentativa de neutralizar o outro enquanto sujeito.

Para tanto, a filosofia visa desconstruir todo o elemento terceiro, e convidar a todos a viver a vida nua, gozosa. Para além do “eu” e “outrem”, desejando-se o “nós”. Assim, a violência do real que vê o outro como inimigo torna-se sociosimbólica, de forma natural, real.

É, portanto, a superação do narcisismo que afirma não se poder fazer nada diante da realidade, por ser assim que funcionam as coisas. Fruto de uma lógica perversa de um sujeito pós-traumático, caracterizado pelo fato de abdicar do pensamento e que aceita as coisas como assim são. O inimigo (o outro) para este, se dá pela ausência da hermenêutica, sendo uma mera patologia psíquica desconhecida.

A filosofia traz um convite ao pensamento, numa perspectiva que remete à Hölderlin: “Onde mora o perigo ali também cresce a salvação”. Porém não somente a prática de pensar, mas também à realização de práticas de resistências, sendo estas entendidas como formas de interpretação e de rejeição de respostas prontas com o que acontece.

“A compreensão é resistir, questionar”.

Resumo da palestra proferida pelo Professor Doutor Carlos Roberto Drawin da Faculdade de Filosofia da UFMG, no dia 10 de novembro de 2010, na Conferência de Abertura do VI Seminário Sociedade Inclusiva: Os Discursos sobre o Outro e as Práticas Sociais, promovido pela Pró-reitoria de Extensão e Sociedade Inclusiva da PUC MINAS, no Teatro PUC Minas campus Coração Eucarístico. Belo Horizonte – Minas Gerais.

 
COMO CITAR ESTE ARTIGO:
NOVAES, Edmarcius Carvalho. "Violência e Alteridade sobre a Lógica Perversa da Modernidade Tardia". Disponível em http://www.edmarciuscarvalho.blogspot.com/
 em 16 de novembro de 2010.