segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

ANA CAROLINA: SIMPLESMENTE ACONTECEU



O dia era 28 de março de 2011. Saí de Governador Valadares com destino à capital mineira, Belo Horizonte, para realização de um sonho: assistir a apresentação do novo show da cantora Ana Carolina, ‘Ensaio de Cores, no Palácio das Artes. Com o ingresso – adquirido com muita antecedência – em mãos, a ansiedade tomou conta enquanto esperava pelo inicio da apresentação, ao passear pelo hall do Palácio, admirando as telas pintadas por ela e expostas ao público.

Ana Carolina, em telas, é ainda mais fenomenal. Dizem que quem é artista passeia por várias artes. E isso se comprovou. A mistura de música e arte, com fins sociais – parte da arrecadação da venda dos quadros é revertida para uma associação de que trata de juvenis diabéticos – só fez crescer ainda mais a admiração pela artista completa que é.

As músicas são retratadas por telas. Tudo começou, segundo entrevistas com a própria cantora, de forma despretensiosa em 2002, ainda durante o álbum Estampado. E o gosto pela nova manifestação de arte foi tomando maiores proporções. 


'Esta tela é a Vox Populi, foi feita num final de semana de chuva e frio em novembro de 2004. Quando conclui a tela, percebi que a canção era Vox Populi porque a imagem me sugeria uma multidão vista do alto'.


Continuando a maratona de meu dia de fã em busca de seu artista, corri para a platéia e fiquei ansioso esperando o início da apresentação. E começou diferentemente logo de cara: no palco somente mulheres. A percursionista Lan Lan, a pianista Délia Fischer, a violoncelista Gretel Paganini, e ela, a grande aguardada da noite: Ana Carolina, linda como sempre, com seus cabelos longos e castanhos e seu manequim preto básico!


Confesso que a emoção foi demais. Arrepiante. Emocionante. Em meio aos gritos soltos por fãs mais histéricas que eu, a apresentação do Show “Ensaio de Cores” tinha começado. E eu ali, de pé com máquina fotográfica e celulares preparados para registrar tudo que aconteceria por lá em mãos. O repertório apresentado foi semelhante à ordem em que as músicas se apresentam no álbum, lançado agora em novembro – e que comprei logo no primeiro dia de venda, sabe como é, coisa de fã assumido!

‘Rei das Cores’ a primeira faixa apresenta a proposta do novo trabalho: ser marcado pela mistura das artes, na leveza da voz firme e típica de Ana Carolina. A demonstração das cores e a predileção destas para diversos momentos, num jogo com as palavras que levou a platéia ao delírio.

As telas e elas’ é a sensualidade de um amor, fruto de uma admiração com uma bela mulher. Uma relação de beleza que arremata o coração, que mexe com as cores do coração, amolecendo-o. Avassalador. Suavizador das relações amorosas que se vêem muitíssimas bem retratadas nesse quadro, pintado pela música.

‘Alguém Me Disse’ é uma daquelas canções de se cantar com a mesma força com a qual um (a) alguém um disse cortou o nosso coração! É uma declaração pelo avesso. É dizer a certeza que se carrega consigo mesmo que o amor dado – e desprezado – sempre será maior que qualquer outro amor que se consiga conhecer. É uma canção de cantar com convicção. Faz bem à alma ferida. E Ana Carolina - por ser uma artista completa – faz uso de seus tons agudos para ratificar a beleza dessa música, muito bem pintada com cores fortes.

‘Você não sabe’ dá continuação a essa relação desfeita. É o fora que a pessoa dá, com elegância e charme, para alguém que um dia passou pela nossa vida e não fez jus, e hoje lamenta pela oportunidade perdida. Você não sabe com quem está falando... É a conclusão por cima. É a recuperação do amor próprio. Recomendadíssima para fins de relacionamentos, onde só se agradece pelo fim.

‘Carvão’ é a primeira das regravações de sucessos já produzidos e reapresentados no álbum. E eu sou suspeito pra comentar qualquer coisa sobre essa música em especial. Para mim é A MELHOR MUSICA DE TODOS OS ALBUNS DE ANA CAROLINA. Ela desnuda totalmente a alma de um amante desprezado, que teve seu coração transformado num carvão após o fogo de uma grande paixão. 

E nessa hora não agüentei. Foi meu ápice de fã face àquela que canta tudo em minha vida. Que melhor pinta na arte de cantar tudo o que já se viveu, já se chorou, já se alegrou, nesse processo de se transformar em carvão e de si reencontrar. Pra se ter noção de como foi isso, assista ao vídeo (e perdoe-me pela voz ao cantar junto, a música não é meu forte).




‘Todas Juntas Num Só Ser’ é a música do recomeço, do renovo. É pra quando se está pronto e se encontrar um novo amor. É de se cantar juntinho, ao pé de ouvido: mais que tudo e todas, é só você, hoje quero só você, que é todas elas juntas num só ser. Um rit alto-astral e que pega...

‘Azul’ é a cor do amor. Se vem de Deus ou dos olhos de quem se ama, pouco importa. Amar é ver tudo azulzinho. E alguém diz que não? O instrumental da guitarra de Ana Carolina é destaque nessa faixa.

‘O Violão’ traz a suavidade da voz de Ana Carolina com a beleza de uma letra. A compreensão de que o violão e seu som é a representação de uma arte, bela, delicada, frágil como um corpo de mulher, nua.




‘Feriado / O Amor é um Rock / Entre Tapas e Beijos’
traz a sagacidade de Ana Carolina, com a exposição da relação bissexual, de forma musical interessantíssima. A gravação do sucesso sertaneja, na versão feminina de Ana é o diferencial.

‘Pra tomar três’ usa e abusa das palavras pra fazer marcante a música. Sensacional. Em breve será o melô dos que gosta de tomar uma, uma não, três! rs.

‘Simplesmente Aconteceu’ é a música melodrama mais linda do álbum. Não foi apresentada no show em Belo Horizonte. Somente fui conhecê-la a partir do próprio álbum. É a representação do que acontece quando o amor aparece: não há explicações. E muito menos quando ele não dá certo. Amar é se permitir, pro bom e pro ruim. Isso tudo simplesmente acontece... Como lidar com a volta à solidão? Ouvindo essa música milhões de vezes, deve ajudar!

‘Claridade / Só Fala em Mim / Pra Rua Me Levar’ é um pot-pourri desses três grandes sucessos. É momento de sobriedade com nostalgia. Lembra-se de amores passados trazendo a claridade necessária da vida, até mesmo para seguir em frente. A vida é isso! Ana Carolina acaricia as cores das memórias de amores passados e gravados nas telas de corações que outrora foram apaixonados, afinal, recordar é viver!

‘Força Estranha’ é a regravação do sucesso de Roberto Carlos para um musical em 2010 onde várias cantoras apresentavam suas versões de grandes sucessos do cantor. Ana Carolina, especificamente, foi exuberante. Sua voz forte, com o agudo peculiar à sua voz, deu outra pegada para a música. Inesquecível.




‘Stereo’
é de autoria de Preta Gil, genial na voz de Ana. É a manifestação da bissexualidade, do lance do despertar e do corresponder, não correspondendo, mistérios alheios, proibidos. A exemplo da música anterior, não foi apresentada no show em que fui ao Palácio das Artes.

‘Problemas’ é a última faixa do álbum e foi acrescentada já na finalização do produto, porque a música embala um casal da novela Fina Estampa. Representa as indagações de justificativas para um possível fim de um relacionamento e a declaração de amor para que o mesmo permaneça. É daquelas canções que se popularizaram pela trilha sonora de telenovelas, fazendo jus, pela beleza de letra e de apresentação. Ana Carolina mais uma vez compôs o que de fato passa em corações apaixonados, que superam quaisquer problemas, em nome desse amor.



Acabado o show fui embora com a sensação de que valera a pena as horas e mais horas de viagem para assistir aquela apresentação. E feliz por ter, em duas horas, estado tão perto e ouvido ao vivo, a bela voz de quem pinta nas letras de suas músicas, muitos de meus sentimentos, de meus amores e desamores. O sonho de um dia de fã tinha se concretizado, e tudo tinha sido muito marcante. E marcou mesmo, a ponto de se tornar inesquecível. Simplesmente Aconteceu... e torcendo para que aconteça novamente!

Leia também:


Ana Carolina - Álbum #AC: Vem transformar minha vida

4 comentários:

  1. Só uma observação: Stéreo é de autoria da própria Ana Carolina. Ela compos especialmente pra ser gravada por Preta Gil, assim como "Sinais de Fogo"!
    Um abraço e parabéns pelo post ... belíssimo!

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  2. Lucliene, obrigado pela observação. Eu desconhecia. Mas está registrado com seu comentário! Obrigado também pelo elogio. Apareça sempre. Amplexos, Ed!

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  3. Também assisti ao show Ensaio de Cores em 2011. Fiquei fascinado com aquele ambiente que misturava boa música e belas telas. Fazia bem aos ouvidos, aos olhos e à alma. Parabéns pelo post.

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  4. Obrigado Paulo, realmente foi espetacular. Apareça sempre por aqui. Será um prazer. Amplexos, Ed.

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