quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA PROFISSÃO MESTRE

Comentei na penúltima postagem que foi publicado no mês de novembro um artigo que produzi sobre Educação de Surdos, na Revista Profissão Mestre. A Revista Profissão Mestre é uma produção mensal considerada como referência no segmento educacional, no mercado há 12 anos. Possui em seu Conselho Editoral grandes nomes da educação brasileira: Celso Antunes, Cristovam Buarque, Gabriel Chalita, Hamilton Werneck e Tania Zagury.

Quero contribuir para a divulgação deste material disponibilizando aqui este artigo. Na oportunidade quero agradecer à Editora Chefe da Revista, a jornalista Mariana Branco, pelo convite e parabenizá-la pelo trabalho desenvolvido. Se você ainda não conhece a publicação, acesse
www.profissaomestre.com.br e confira. Vale a pena! Uma ótima dica para educadores e educadoras.

Espero que vocês internautas gostem do artigo e deixem seus comentários a respeito. Amplexos!

EDUCAÇÃO DE SURDOS:
SOCIEDADE NECESSITA REPENSAR CONCEITOS E PRÁTICAS INCLUSIVAS DESSES ESTUDANTES NA ESCOLA REGULAR


A sociedade brasileira se despertou nas últimas décadas para os direitos de quarta geração, mais conhecidos como direitos das minorias, ou seja, das pessoas idosas, negras, homoafetivas e com deficiência, com destaque para as pessoas surdas e/ou deficientes auditivas.

Cabe, neste contexto, a análise de duas temáticas muito em voga. A primeira é sobre a melhor terminologia a ser utilizada para se referir a esse segmento. A outra diz respeito sobre o processo de inclusão de pessoas surdas em escolares regulares, numa perspectiva legal, porém também pragmática.


O termo “surdo-mudo” é totalmente incorreto. Os surdos que não emitem sons não possuem, necessariamente, nenhuma deficiência em relação à voz e aos instrumentos necessários para tal. A não utilização de sons se dá porque não ouvem. O surdo, quando oralizado, pode se comunicar por meio da fala, o que demandará acompanhamento fonoaudiológico prolongado. A “pessoa surda” – termo correto – que não é oralizada comunica-se, em regra, somente por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras) que, por ser uma língua visual-motora, não faz uso, portanto, de sons. Já a “pessoa com deficiência auditiva” é aquela que não tem surdez profunda, sua limitação sensorial é parcial, e que, em razão disso, sua identidade se dá como ouvinte, fazendo uso, portanto, de uma língua oralizada.

Em relação ao processo educacional, percebe-se a existência de dois posicionamentos nítidos: a integração (popularmente conhecida como inclusão) e a individualização (que reconhece a diferença linguística existente).

A legislação brasileira vem trabalhando a inclusão dessas pessoas em escolares regulares, com a justificativa na necessidade da socialização com o diferente. Nesse contexto, o papel da escola é de socializar, defrontar num mesmo território uma gama de diferenças, na perspectiva de trocas de experiências, e não essencialmente o processo de aprendizagem comum que a pessoa, no caso, surda, tem direito.

A crítica é que esse processo de inclusão de pessoas com deficiência é feita de maneira uniforme, não levando em consideração as especificidades de cada grupo. Há a rejeição do reconhecimento de uma diferença linguística e de formação em razão da língua, de uma identidade própria, específica da comunidade surda. A criança surda, quando colocada num território de escola regular, não consegue vivenciar de verdade a real interação, nem pode tomar decisões, pois ela é vista como exceção por seus colegas ouvintes.

Já a individualização, pelo contrário, entende que o processo educacional que reconhece a diferenciação linguística da pessoa surda em detrimento de todos os demais componentes do segmento com deficiência, que fazem uso da língua pátria, desenvolve-se na perspectiva de um processo educacional específico, que visa à aprendizagem e o fortalecimento da aquisição da Língua Brasileira de Sinais como a primeira língua, e da Língua Portuguesa como segunda língua.

Isso justificaria a existência ou permanência das instituições escolares específicas ou classes exclusivas para pessoas surdas. Para defensores desta linha, é muito claro que a realização da socialização também ocorre, uma vez que, neste território, o professor deixa de ser quem manda, e, portanto, há democracia. Há também a participação, por incorporar os pais dos alunos. É cooperativa, por ser um trabalho de todos, e também comunitária, por ser a comunidade dos surdos. É principalmente ativa, porque, ao tomarem decisões, fazem e aprendem, produzindo.

A inclusão de pessoas com deficiência em escolas regulares pode ser feita, desde que possível e, principalmente, desejado por tais pessoas. No entanto, como defende o posicionamento da individualização, esse processo deve ser diferenciado e cuidadoso, respeitando as diferenças específicas de cada deficiência e a possibilidade de aprendizagem de cada aprendiz. O aprendiz surdo só será educado essencialmente se sua língua materna, a Libras, for reconhecida de fato, respeitada e valorizada. Trata-se de uma diferenciação sociolinguística e não meramente física.

Edmarcius Carvalho Novaes, autor do livro SURDOS: Educação, Direito e Cidadania (WAK Editora) e gerente da Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência da Secretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura Municipal de Governador Valadares (MG). E-mail: edmarcius@hotmail.com


Como citar este artigo:

NOVAES, Edmarcius Carvalho. Educação de Surdos: Sociedade necessita repensar conceitos e práticas inclusivas desses estudantes na escola regulares. Revista Profissão Mestre, Ano 12, n°134, p. 13, 2010.

Um comentário:

  1. amei o assunto,pos me indentifico muito,a inclusão só deve ser feita se houver realmente profissionais capacitados.estamos muito carentes em relação.tenho uma filha surda e sei das dificuldades encontradas.estou na luta por uma associação justa.

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