domingo, 13 de novembro de 2011

O PAPEL DO ALUNO NA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA


Compreender o papel do aluno na modalidade EaD é focar a figura do aluno que utiliza outros mecanismos de aprendizagem, sobretudo muita leitura e diálogo (pessoalmente ou virtual) com colegas de turmas e tutores. Além disto, pode-se compreendê-lo como um eterno pesquisador, o protagonista de seu fazer-aprendizado. As compreensões elaboradas das teorias – formas de ser analisar e descrever um objeto de pesquisa – demandam dedicação e relação entre o que se lê, o que se processamento mental e a possibilidade de se dar a compreensão de acordo com vivências adquiridas.

Para tanto, se faz necessária a produção da escrita. A leitura e a escrita devem ser realizadas numa perspectiva crítica, superando os medos e as dificuldades inerentes ao processo – principalmente no que se refere à mecanismos virtuais que nem todos dominam. Atrela-se ainda o posicionamento pessoal, enquanto aprendiz e produtor de seu conhecimento, de suas pesquisas.

Percebo que muitos estudantes não desenvolvem o hábito da leitura e da pesquisa como construção do conhecimento, satisfazendo-se com meras aulas expositivas – onde teorias, muitas vezes, são expostas de formas sectárias e, por isso, absolutistas. Tal postura, talvez possa justificar a existência de um discurso etnocêntrico da educação presencial em detrimento da formação acadêmica na modalidade de EaD, uma vez que muitos de seus críticos não são apegados à leitura e ao produzir.

Por outro lado, é interessante ver que muitas pessoas que após se posicionarem enquanto estudantes na modalidade EaD, desenvolvem o hábito pela leitura, e a fazem de forma prazerosa. De fato, acredito que cursos nessa modalidade não comportam alunos indecisos, que não conhecem a si mesmos e nem sabem qual trajetória acadêmica e profissional almejavam. Entendo que somente após saber o que se quer é possível estabelecer mecanismos com foco nestes objetivos, razão pela qual, muitos alunos de cursos nessa modalidade abandonam-os, pelo fato de não se adaptarem ao ritmo constante de muita leitura e de auto-organização para tanto.

A meu ver, o objetivo da formação na modalidade EaD é a busca, a priori, individualizada do aluno em se posicionar enquanto estudante nessa modalidade e a partir disso, construir seu processo de aprendizagem. Isto significa a realização de leituras e escritas individualizadas num primeiro passo, para a posteriori, haver o diálogo em espaços virtuais com seus pares e tutores, onde o objeto analisado possa ser explorado em suas diversas facetas.

Destaco ainda a leitura da obra de Freire ("Professora Sim, Tia Não", 1995) e seu posicionamento sobre a importância do docente, a partir da discussão que o mesmo precisa elaborar sobre sua práxis, propondo-lhe posicionar enquanto profissional que lute, através dos mecanismos de controle social e de participação popular na gestão educacional, pela superação das dificuldades encontradas no processo educacional.

Relevante, de igual forma, a colocação de que o professor é um ator técnico, científico, acadêmico nesse processo, porém, isso não elide a necessidade que o mesmo desenvolva uma visão e uma postura política, enquanto agente promovedor de mudanças sociais, com bases ideológicas que se pautem pela democracia, fortalecendo-se enquanto participante com senso crítico e postura que preza à liberdade. Em outras palavras, não basta dominar conteúdos específicos de uma formação acadêmica. É necessário atrelá-los à prática, à categoria profissional, numa atuação política consciente, ética.

Num curso de licenciatura atrelar todas essas características enquanto estudantes é a forma mais ideal de se posicionar, e no futuro, garantir a existência de uma atuação docente pautada pela ética vivenciada, uma vez que as teorias estarão intrinsecamente alinhavadas com a prática.

De igual forma, nesse processo de formação para docência, cujo escopo é a produção ou construção de conhecimentos para/com os discentes, a relação gnosiológica somente se efetiva onde exista a presença da humildade, da amorosidade, da tolerância, da decisão, da segurança, da dicotômica relação entre a paciência e a impaciência, bem como a alegria de viver, sobretudo, de viver a docência consciente, por meio de um posicionamento pessoal, político e social.

COMO CITAR ESSE ARTIGO:

NOVAES, Edmarcius Carvalho. O Papel do Aluno na Educação à Distância. Disponível em: http://edmarciuscarvalho.blogspot.com/2011/11/o-papel-do-aluno-na-educacao-distancia.html em 13 de novembro de 2011

5 comentários:

  1. "Excelente ponto de vista de acordo com a sua percepção em alguns cursos posso dizer q e muito raro uma pessoa se dedicar tanto, porem em relação ao seu comentário de ver um aluno como seu próprio tutor e bastante especifica...
    Agradeço seu texto min ajudou muito.

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  2. Olá Edmarcius, que interessante ler o seu texto e encontrar o seu blog. Parabéns pela organização do espaço e pela escrita. Grande abraço!

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  3. Parabéns Edmarcius, muito bacana o Blog e a consideração sobre EaD.

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  4. Parabéns Edmarcius, super interessante e pertinente ao momento em que nos encontramos. Abraço.

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