terça-feira, 5 de abril de 2011

PARTE 3 - PERFIL SOCIOECONÔMICO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA EM GOVERNADOR VALADARES


Na primeira e na segunda parte apresentei respectivamente as linhas gerais da pesquisa realizada pela CAAD – Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência / SMAS sobre o perfil socioeconômico das pessoas com deficiência de Governador Valadares que possuem o beneficio socioassistencial de gratuidade no transporte publico coletivo municipal e os dados sobre gênero e nível de escolaridade destes usuários.

 

Os dados apresentam uma maior incidência do sexo masculino entre as pessoas com deficiência, bem como a formação incompleta até o ensino fundamental, revelando a necessidade de políticas públicas educacionais específicas para pessoas com deficiências com maior eficiência. Apresentei ainda ações que estão sendo desenvolvidas no município na área educacional.

 

Neste post vamos dissecar os dados sobre estado civil dessas pessoas com deficiência pesquisas, bem como sobre suas moradias.

 

01) Levantamento sobre estado civil

Levantamento por estado civil

ESTADO CIVIL
QUANTIDADE
PORCENTAGEM
Solteiro
858
54 %
Casado
519
33 %
União Estável
14
1 %
Separado
127
8 %
Viúvo
64
4 %

 

O resultado deste quesito apresenta que mais da metade das pessoas com deficiência em Governador Valadares pesquisadas (num total de 1582) encontram-se solteiras.

 

Percebo ainda no atendimento ao público uma especificidade em relação as pessoas com deficiência que encontram-se casadas, sobretudo entre pessoas surdas, que é o casamento endógamo. Dissertei melhor a respeito disto na postagem “Reflexões sobre a Identidade Cultural Surda”.

Agora, é necessário entender melhor esse processo pelo qual passa as pessoas com deficiência para não se casarem, se é uma forma de discriminação da sociedade, um preconceito das pessoas para não se relacionarem afetivamente com pessoas com deficiência.

 

 

02) Levantamento por moradia:

 
Levantamento por tipo de moradia
  
MORADIA
QUANTIDADE
PORCENTAGEM
ALUGADA
319
 20 %
PRÓPRIA
927
59 %
EMPRESTADA – CEDIDA
227
14 %
NÃO INFORMADO
109
7 %

 

A pesquisa releva que a maior parte das pessoas com deficiência pesquisadas reside em casas próprias. Isso reforça o resultado anterior: se a maior parte de pessoas com deficiência não se casam, estas permanecem residindo com seus pais e/ou familiares, proprietários das residências. 

 

Outro dado interessante é sobre residir em casas cedidas, e, portanto, não alugadas, o que demonstra certa prática de caridade da sociedade com as pessoas com deficiência.

 

Ressalto aqui a política municipal de habitação para pessoas com deficiência carentes economicamente. Existe em Governador Valadares, o NUCLEMDEF - Núcleo para moradia de pessoas com deficiência, que se reúne mensalmente para conhecer as ações do Governo Municipal dentro da Política de Habitação e poderem deliberar a respeito da concessão dessas moradias para os participantes com deficiência. Melhores informações para participar deste grupo no Departamento de Habitação da Secretaria Municipal de Planejamento de Governador Valadares.

 

Então é isso. Esmiuçarei melhor os dados sobre territorialidade e necessidade de acompanhantes das pessoas com deficiência em Governador Valadares no próximo post.

2 comentários:

  1. Oi Ed. estava lendo sua pesquisa, achei muito interessante pq os resultados qto a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho defere da minha pesquisa. Pelo q observei o principal motivo da sua pesquisa seria o recebimento do benefíco do bolsa família. Minha pesquisa, constatou que entre outros seria a falta de qualificação profissional.
    Eh...O benefíco com certeza auxilia em muito a vida da pessoa com deficiência, mas ao mesmo tempo a acomoda. Sinto uma necessidade urgente de criar uma nova cultura, sair do assistencialismo e partir para o potencialismo das pessoas. Conscientizando principalmente os empressários, familiares, políticos e a sociedade de um modo geral de nossos compromissos quanto a uma cidadania mais inclusiva, para todos.
    Parabéns pelo trabalho, interessante e informativo
    Wanilda Varela
    Gostaria de detalhes desta pesquisa, como: colheita de dados, etc...

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  2. Wanilda, na realidade a pesquisa analisou pessoas com deficiência do município que têm o cartão eletrônico de gratuidade no transporte público municipal.

    Quanto aos dados em relação ao mercado de trabalho na verdade não partimos de nenhum ponto de vista, queríamos conhecer a realidade, e detectamos isso: que a maior parte sobrevive da transferência de renda do BPC - Beneficio de prestação continuada, que equivale a 1 salário e que é diferente do Bolsa Familia (1/4 do salário minimo), e que faz parte da Política de Assistência Social, o que significa não ser assistencialismo, que já se trata de um direito e não um favor, uma benesse.


    Concordo que realmente a falta de formação profissionalizante é sem duvidas uma das dificuldades de inserção da PcD no mercado de trabalho. É necessário o envolvimento de todos os atores sociais pra eliminar esse celeuma. Na realidade percebe-se que a má formação educacional do sujeito com deficiência produz reflexos quando chega na fase produtiva.

    Acompanhe a série que vou publicar mais outros dados da pesquisa. E obrigado pelos parabéns!

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